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Stella Maris Nunes Pieve
Maria Lúcia da Silva Alexandre
A Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, costuma ser conceituada e definida a partir de suas características históricas, geográficas e políticas, e retratada a partir de um cenário de violências, precariedades e ascensão e decadência de seu desenvolvimento econômico. Para falar de Baixada Fluminense, é comum destacar a importância da região enquanto passagem e transporte de produtos e mercadorias, narrar fatos relacionados a grupos de extermínio e práticas violentas desencadeadas na região e/ou apontar o grande número de migrações a partir dos meados do século XX, transformando-a em periferia da metrópole e num aglomerado de cidades dormitórios. No entanto, tais definições e retratos, acabam por expor apenas parte da realidade da região, deixando por vezes encoberta ou até mesmo invisibilizada a vida cotidiana no lugar, especialmente no que diz respeito à arte e cultura. Considerando que a Baixada Fluminense, para além de periferia ou apenas uma região de desenvolvimento, se constitui enquanto lugar de moradia, trabalho e lazer, podemos destacar também uma Baixada Afetiva (Silva, 2013)*, constituída de memórias e práticas cotidianas, conhecimentos e saberes populares e acadêmicos. É nesse sentido que, nessa pesquisa, lançamos nosso olhar sobre os grupos que “fazem cultura” na Baixada, procurando destacar o que se apresenta e quais os principais marcos destacados nessa produção sobre a região. Nossa proposta aqui é analisar a produção de grupos e coletivos criativos de três municípios da Baixada Fluminense: 1) Centro Cultural Donana de Belford Roxo, 2) Cineclube Buraco do Getúlio de Nova Iguaçu e 3) Cineclube Cinema de Guerrilha de São João de Meriti, buscando entender o que esses buscam apresentar sobre a Baixada e de que maneira, uma vez que tais produções promovem conhecimentos e críticas sociais sobre a região, acessam políticas públicas direcionadas à arte e cultura e democratizam a cultura nas cidades em que atuam. Além disso, nos propomos a observar o discurso subjetivo sobre a região e as questões que nela afloram, considerando as condições históricas, políticas e sociais que permeiam o processo criativo desses grupos e coletivos. Sem negar as vulnerabilidades sociais e econômicas da Baixada Fluminense, o que podemos observar de antemão, é que os grupos e coletivos criativos da Baixada se comprometem a contar a história da BF a partir de roteiros criados por cidadãos da região que desencadeiam histórias de resistência e narrativas do seu próprio cotidiano.
* SILVA, Lúcia Helena Pereira. De Recôncavo da Guanabara a Baixada Fluminense: leitura de um território pela história. Recôncavo Revista de História da UNIABEU, v. 3, p. 47-63, 2013.
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