Yara Schreiber Dines
No painel fotográfico é apresentada uma narrativa inovadora por meio de montagem de fotografias de Hildegard Rosenthal, dos anos de 1940, produzidas por uma mulher artista. Os tipos de fotografias - autorretrato e alter ego – suscitam indagações singulares de temas clássicos da fotografia como retrato, pose e encenação, em interação seja com o real ou com esferas ficcionais, o que aproxima a narrativa da possibilidade de um diálogo com a vertente moderna da fotografia.
Os dois tipos de ensaios apresentam um conteúdo imagético rico ao ser iluminado e explorado pela antropologia como narrativas fotográficas e também a partir de uma análise descritiva e interpretativa. No ensaio dos autorretratos, as especificidades da linguagem e da expressão da fotografia trazem à tona facetas desconhecidas da personalidade e da personagem Hildegard Rosenthal e também da cultura visual do período. É relevante destacar que no ensaio dos alter egos, a fotógrafa expõe um viés ousado, ao criar narrativas ímpares e únicas para a época, em que o foco da encenação é a presença do gênero feminino, sua performance e flanêrie no centro urbano da metrópole paulistana. A partir dessas representações, busca-se provocar uma reflexão sobre o recorte de imagem e gênero nesta linguagem.